Já sou professor a 20 anos. E nestes anos vi muitas situações de racismo, machismo, homofobia e muitas outras formas de preconceitos ocorridos no ambiente escolar.
São situações triste que ocorrem no contexto escolar, que nos revoltam e muitas vezes nos sentimos impotentes.
A alguns anos atrás dava aula de Dança Afro no Distrito do Túnel verde no município de Balneário Pinhal. Tinha um grupo com 10 alunos negros, sendo um menino e nove meninas. Eram maravilhosos, expressivos, e tinham orgulho de estarem dançando ao som de batucadas e músicas que traziam a história do negro. Os colegas adoravam vê-los se apresentando na escola, usando turbantes coloridos, vestidos feitos de panos coloridos, sempre de pés descalços felizes e orgulhosos representando a sua cultura.
Ocorreu uma situação que me marcou muito durante minha vivência com esse grupo. Houve um festival de dança no município e fomos convidados para participarmos. Eles estavam felizes, pois seria a primeira vez que se apresentariam fora de nossa escola. Chegando lá, nos deparamos com várias situações que nos deixaram muito sem jeito. Primeiramente em relação a nossa indumentária, pois os grupos de CTGs estavam todos muito pilchados e eles estavam de pés descalços e com roupas feitas de estopa. Mas a pior parte foi quando eles começaram a dançar músicas ao som de batucada e os demais grupos começaram a rir. E quando as invernadas dançavam todos amavam pois as músicas pois eram bem conhecidas, todos cantavam. Enquanto meus alunos descalços expressando a cultura de seus ancestrais com sons, gestos e expressões artísticas sobre o sofrimento do negro relembrando o tempo da escravidão e também sua religiosidade.
Depois desse dia ninguém mais quis participar do Grupo de dança Afro, pois para eles foi uma experiência recheada de preconceitos. E a partir daí tivemos que fazer um grande trabalho de autoestima fazendo-os entenderem a diferença entre as Culturas de nossa cidade.
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